Da esq. para a dir.: Miriam Pragita (ANDI), Ismar Soares (ABPEducom), Cosette Espindola Castro (IBICT), Andrea Cristina Versuti (UnB) e Daniella Veyga (UNE) fizeram parte de painel sobre “Educação e Mídia”

O presidente da ABPEducom e professor sênior da USP, Ismar Soares, participou do Colóquio Internacional de Educação em Direitos Humanos, promovido em Brasília, nos dias 27 e 28 de novembro, pelo Ministério dos Direitos Humanos. Soares tomou parte do Painel 5, analisando o eixo temático do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, intitulado “Educação e Mídia”.

A atividade, coordenada por Daniella Veyga, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), contou, igualmente, com a presença das professoras Andrea Cristina Versuti, da Universidade de Brasília (UnB), e Cosette Espindola Castro, consultora e pesquisadora do Instituto Brasileiro de Informação, Ciência e Tecnologia (IBICT). O painel encerrou-se com um relato sobre as experiências da ANDI – Comunicação e Direitos, apresentada pela diretora-executiva da instituição, a jornalista Miriam Pragita.

Diálogo entre escola e mídia

O painel trouxe uma visão panorâmica e atualizada das pesquisas na área da relação entre o sistema midiático e o mundo da educação, apresentando razões e metodologias para se trabalhar, nos espaços de educação formal e não formal, o universo dos meios de comunicação, na ótica dos Direitos Humanos (DH).

Chegou-se à conclusão de que o tema “Educação e Mídia” necessita ser trabalhado mediante duas aproximações por parte dos responsáveis pela implementação da educação em DH: uma primeira aproximação deveria ocorrer junto aos responsáveis pelo setor da mídia, para discutir a implicação da produção veiculada em relação ao tema dos Direitos Humanos, e uma segunda aproximação com o próprio setor escolar, com exercícios de análise de mídia. Para Soares, “torna-se imperioso pautar o tema da Educação Midiática nos seminários e cursos que vêm sendo implementados, no Brasil, em decorrência da preparação dos municípios para a implantação da Base Nacional Comum Curricular”.

Já quanto à mídia, o presidente da ABPEducom entende que torna-se indispensável uma mobilização para um diálogo mais explícito com os meios de comunicação sobre o tema: “O momento é favorável, levando em conta o fato de que os próprios veículos já demostraram a urgência de se entender o fenômeno que conduziu os últimos acontecimentos políticos no país, especialmente no período eleitoral, quando parte da população e muitos dos políticos prescindiram da mídia tradicional para o debate político e as campanhas eleitorais, mediante o uso muitas vezes antiético das mídias sociais”.

15 anos do Plano Nacional e 70 da Declaração Universal

O Colóquio Internacional celebrou os 70 anos de Declaração Universal dos Direitos Humanos, bem como os 15 anos da aprovação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Entre os convidados, destacou-se a presença do professor Moacir Gadotti, presidente de honra do Instituto Paulo Freire (IPF), que, em sua intervenção, lembrou a figura do Patrono da Educação Brasileira como alguém que trabalhou constantemente sob a ótica da educação para os DH.

Para Gadotti, Paulo Freire era um otimista, que acreditava no potencial transformador do processo educativo: “Os tempos difíceis que o tema dos Direitos Humanos está vivendo não devem esmorecer nossa articulação. Muitos acontecimentos positivos estão ocorrendo, como este próprio seminário do qual estamos participando”. E concluiu: “Mesmo nossa capacidade de indignação deve ser assumida como um dado positivo nesses tempos de desesperança! Mantenhamo-nos unidos em favor de uma educação emancipadora”.

Moacir Gadotti, primeiro à direita

Educomunicação e Direitos Humanos, em São Paulo

Cabe a cada estado da federação criar os planos estaduais no âmbito da educação em DH. No caso de São Paulo, o plano local foi aprovado em 2017, contando, em sua elaboração, com a participação de representantes do NCE/USP e da ABPEducom, de alunos da Licenciatura em Educomunicação da USP e dos adolescentes do Projeto Educom.geraçãocidadã.

O NCE/USP e a ABPEducom contribuíram para a concepção de um eixo temático denominado “Educomunicação: Educação e Mídia”, ampliando a perspectiva do eixo “Educação e Mídia” apresentado pelo Plano Nacional. Com tal mudança, São Paulo inclui a Educomunicação como um elemento constituinte de uma política pública de educação em Direitos Humanos. Já os estudantes da Licenciatura compilaram um dossiê sobre o assunto, colocado a serviço da elaboração do projeto paulista.

Por sua vez, os adolescentes do Projeto Educom.geraçãocidadã tomaram o tema como objeto de estudo ao longo de ano de 2017, fato que permitiu que ao final do ano pudessem ter elaborado algumas propostas que foram, finalmente, incorporadas ao texto oficial do plano estadual, que pode ser lido na íntegra aqui. Em agosto de 2018, esses adolescentes, assim como o NCE/USP e a ABPEducom, participaram de um dos painéis do Seminário Estadual de Educação em Direitos Humanos.

Adolescentes do Educom.geraçãocidadã participam do Seminário Estadual

A ABPEducom tem se mobilizado em torno do tema dos DH, tendo realizado, inclusive, um congresso especificamente voltado ao tema, em 2015, numa parceria com a Universidade Anhembi Morumbi. No momento, dois membros da ABPEducom — Ismar Soares e Claudemir Viana — são membros da Comissão Estadual de Educação em Direitos Humanos de São Paulo.

O tema também ganhou lugar central na programação do II Congresso Internacional de Comunicação e Educação, em novembro de 2018, em um painel com a participação de Maria Célia Giudicissi Rehder (ABPEducom), Francisca Rodrigues de Oliveira Pini (IPF), Maria Nazareth Cupertino (Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana – CONDEPE/SP), Fernanda Brandão Lapa (Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos – IDDH); Mário Volpi (Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef) e Janaina Soares Gallo (NCE/USP). Durante o painel, Lapa, do IDDH, exibiu um vídeo sobre os desafios para a realização da Educação em Direitos Humanos como um direito fundamental, os esforços de incidência política nos âmbitos internacional, nacional e local e importância do eixo “Educomunicação: Educação e Mídia” no plano paulista.

Ainda durante o II Congresso Internacional, o coordenador do NCE/USP, Claudemir Viana, apresentou o trabalho “Educomunicação como eixo da política pública do Estado de São Paulo no âmbito da Educação em Direitos Humanos” no grupo temático “Políticas públicas em Mídia-Educação e Educomunicação”.

Esforços internacionais 
 
No âmbito dos esforços internacionais da luta pela Educação em DH, a ABPEducom esteve, presencialmente, em 07 de abril de 2017, na sede do Instituto Paulo Freire em São Paulo, com a relatora da ONU para o Direito à Educação, Koumbou Boly Barry, que veio ao Brasil para atividades organizadas pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Na ocasião, a relatora recebeu informações sobre as teorias e os trabalhos de Paulo Freire e os desafios para a Educação em Direitos Humanos no Brasil, também dialogando com as crianças e adolescentes do projeto Educom.geraçãocidadã, representantes do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA-SP), educadores e estudantes de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e lideranças de movimentos sociais. Posteriormente, Barry também se manifestou em público parabenizando as instituições e organizações da sociedade civil que lutaram para que o nome de Paulo Freire fosse mantido como patrono da educação brasileira.
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