Foi lançado no Brasil o Pacto Educativo Global, mobilização da qual participam organizações da sociedade civil, dentre elas a ABPEducom, em prol do ensino em todo o mundo. A iniciativa tem como orientação um apelo do Papa Francisco de 12 de setembro de 2019, quando propôs a articulação global em torno da construção de uma “nova solidariedade universal e uma sociedade mais acolhedora”. Na ocasião, o pontífice convidava educadores de todos os países para uma reunião na cidade de Roma (Itália) em maio de 2020, encontro postergado para 15 de outubro em função da pandemia do novo coronavírus. 

O lançamento nacional do acordo ocorreu no dia 12 de março, na sede do Sindicato dos Especialistas do Ensino Público de São Paulo (Sinesp), na cidade de São Paulo. Um dos pontos destacados na reunião foi a mensagem do Papa sobre a Educação mundial, que, de acordo com ele, necessita da participação e envolvimento de todos. 

Durante o encontro, o presidente da ABPEducom, Ismar Soares, lembrou a importância de o pacto contar com a simpatia, apoio e intervenção de jovens de todo o Brasil, levando em conta que a bandeira defendida diz respeito à vida e formação das novas gerações. Ele destacou a oportunidade dos procedimentos educomunicativos para a motivação e mobilização da sociedade em torno dos objetivos propostos pelo Papa Francisco.

De acordo com os coordenadores do encontro no Sinesp, a ideia mobilizadora de Francisco tomou como base a experiência desenvolvida em Buenos Aires, onde reuniu jovens de diferentes origens, credos e tendências logo após o atentado a uma sinagoga judaica em julho de 1994, que matou 85 pessoas e feriu centenas de outras. No período, o pontífice debateu formas participativas e solidárias de convivência e a busca de resoluções para problemas e conflitos.   

Construção de redes para o futuro

Além das manifestações em favor da Educação, Francisco tem se referido à necessidade de preparar as futuras gerações para reverem suas relações com o meio ambiente, para ele “nossa casa comum”. 

Francisco sustenta a necessidade de construir uma “aldeia da educação”, lugar onde exista, na diversidade, a partilha do compromisso em gerar uma rede de relações humanas e abertas. Sua perspectiva se direciona à formação de uma aliança mundial “entre o estudo e a vida, entre as gerações, entre os professores, os alunos, as famílias e a sociedade civil, com as suas expressões intelectuais, científicas, artísticas, desportivas, políticas, empresariais e solidárias”. Neste pacto, o líder da Igreja Católica propõe a reflexão sobre “outros modos de compreender a economia, a política, o crescimento e o progresso”.

Para as organizações sociais brasileiras presentes no encontro em São Paulo, o convite do Papa não deixa dúvidas sobre o propósito da convocatória, que é o de mobilizar as lideranças mundiais, os educadores e a população para que contribuam de forma popular, participativa e não hierárquica dos processos educativos, especialmente no que diz respeito a questão ambiental e desigualdades sociais e econômicas.

A mobilização pelo Pacto no Brasil

A aliança no país reúne organizações como Articulação Brasileira pela Economia de Francisco, o Sinesp, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o Conselho de Educação Popular de América Latina e Caribe e o Instituto Paulo Freire, dentre outras instituições. As lideranças dessas entidades esperam obter algum resultado até 15 de outubro, dia do lançamento mundial da proposta, que deve mobilizar outras organizações e líderes nacionais para novas contribuições. Além da ABPEducom, outras entidades ligadas à educação participaram igualmente da reunião inaugural, como coletivos educativos, universidades, associações de docentes e discentes, sindicatos e instituições do poder público. 

Imagem: Vatican News / Divulgação