Professora Solange França (de azul) coordena projeto de Educomunicação da Semed e ministra cursos de formação. (Foto: arquivo pessoal)

Com colaboração de Lisa Rodrigues

Assim como na rede municipal de São Paulo, o trabalho pedagógico com a rádio no ambiente escolar faz com que a prática educomunicativa conquiste espaço na educação formal da região Centro-Oeste do Brasil. Exemplo disto é o projeto “Diálogos em Educomunicação: rádio na escola”, realizado pela rede municipal de educação de Campo Grande (MS).

No planejamento do ano letivo de 2019 da Secretaria Municipal de Educação (Semed), está prevista a ampliação do referido projeto que, além de consolidar a linguagem radiofônica, e ocupando um importante espaço para a Educomunicação, ofertará formações continuadas aos docentes que optarem pela prática educomunicativa para o uso em sala de aula de outras linguagens — no caso, televisiva e cinematográfica.  

Esse aumento na oferta de cursos aos professores ocorreu graças à parceria entre a Semed e o Museu de Imagem e Som de Campo Grande, no final de 2018. “Observamos a necessidade da utilização em sala de aula de outras linguagens e recursos, por meio da prática educomunicativa”, relata a professora Solange França da Silva, coordenadora do projeto na Semed, em parceria com a arte-educadora Maria Ivonete Simocelli.

Silva lembra que o início das ações pedagógicas com a Educomunicação começaram com projetos de “bastidores” no final de 2015. Entretanto, os maiores incentivos — vindos da Divisão de Tecnologia Educacional da Semed, dos gestores e professores — vieram a partir do ano seguinte.

Em 2018, das 100 escolas da rede, 46 consolidaram a prática educomunicativa com a rádio escolar. 52 professores coordenadores de projetos tecnológicos educacionais receberam formação, aproximadamente 400 alunos atuaram e se envolveram com projetos educomunicativos e mais de 20 mil alunos foram audiência das rádios escolares, segundo dados preliminarmente apurados pela coordenação do projeto.

A rede municipal de ensino da capital sul-mato-grossense adotou a perspectiva do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo (NCE/USP) para conceituação da Educomunicação e de sua prática na educação formal, tendo como autores de referência Ismar Soares, Adilson Citelli, Guillermo Orozco Gómez, entre outros.

“O nosso sonho é que o professor Ismar Soares possa verificar os frutos da educomunicação, aqui em Campo Grande, legitimando todo o nosso trabalho, e constate a nossa satisfação em ver o resultado com os alunos em nossa rede”, destaca Solange Silva.

Reportagem de TV apresenta projeto

A última ação do ano, como fechamento do projeto, a “Ciranda do Conhecimento”, ocorreu em 31 de outubro de 2018 com a presença de comunicadores locais, tais como o professor Américo Ferreira Calheiros, do Instituto Histórico e Geográfico de MS (IHGMS), o cineasta Filipe Silveira, da produtora Cerrados Filmes, a produtora cultural Andrea Escobar Freire e o apresentador da afiliada local do SBT local, Tatá Marques. Assista a reportagem produzida pela emissora com a cobertura do evento:

Campo Grande abriga Clube de Educomunicação

Ainda na capital, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) sedia o grupo de pesquisa “Clube de Educomunicação”, coordenado pela professora Rose Mara Pinheiro, do departamento de Jornalismo, com vários orientandos e pesquisadores ligados ao NCE/USP e à ABPEducom.

Entre os pesquisadores, está a recém-doutora Elisangela Rodrigues da Costa, sócia-fundadora da ABPEducom, que defendeu na ECA/USP, em 2018, a tese “Educomunicação e políticas públicas: Estudo comparativo entre as redes municipais de educação do Rio de Janeiro e de São Paulo”, sob a orientação de Ismar Soares. Morando há cinco meses em Campo Grande, a pesquisadora acredita que a rede do município está no caminho de consolidar-se e já existe a necessidade de tornar a Educomunicação uma política pública.

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