Fonte: Instituto Humanitas Unisinos

O desenvolvimento e o uso das tecnologias, a exemplo da inteligência artificial, precisaria considerar uma distinção importante entre, de um lado, a eficiência e, de outro, os princípios morais, defende Brian Green, diretor assistente dos Programas de Ética do Centro de Ética Aplicada Markkula, da Universidade de Santa Clara, na Califórnia, EUA.
Em entrevista concedida por e-mail para a Instituto Humanitas da Unisinos On-Line, Brian Green explica o que está envolvido nessas duas perspectivas. A eficiência monetária, ressalta, “poderia dizer que devemos deixar morrer os enfermos, ou praticar-lhes a eutanásia”, mas, de outro lado, “um conjunto de princípios morais que respeite a dignidade humana não pode aceitar isso. Matar pessoas pode economizar dinheiro, mas destrói a vida dos que morrem, prejudica o caráter dos que vivem: o perpetrador e os que permitem o mal pela inação, assim tornando atos maléficos mais fáceis e piores”, argumenta.

Na avaliação de Green, hoje a eficiência se sobrepõe aos princípios morais, e exemplos disso podem ser vistos em situações que já estão acontecendo. “Só algumas poucas organizações estão desenvolvendo inteligência artificial ou utilizando-a em grande medida, pelo menos por enquanto. Porém, neste momento, em nosso sistema econômico de nível mundial, a inteligência artificial está sendo usada pelos já ricos para enriquecerem-se mais ainda. A inteligência artificial está sendo empregada para ganhar em eficiência nas finanças, nos mercados, no direito, nos setores energético, de transporte, comunicação, e assim por diante. E as inúmeras pessoas que costumavam realizar estas tarefas podem em breve estar sem trabalho, enquanto os poucos que as empregavam verão, pelo contrário, os seus custos trabalhistas repentinamente caírem e as receitas aumentarem.

E, na medida em que as receitas aumentam, poderão investir mais em tecnologia, assim acelerando a desigualdade. Esse tipo de desigualdade reforça a si próprio, a menos que fatores externos – fatores morais – nos levem a ajustar a estrutura econômica de forma que se beneficiem as pessoas de uma forma mais ampla”. Para equilibrar o cenário, Green defende o uso das tecnologias para “promover os bons costumes” no sentido de “otimizar a assistência à saúde, a eficiência no campo da educação e no setor energético”.

Como o tema ganha importância para os profissionais da Educomunicação, aconselhamos a leitura da íntegra da entrevista concedida pelo filósofo ao portal do IHU em http://www.ihu.unisinos.br/570635-inteligencia-artificial-e-a-disputa-entre-eficiencia-e-principios-morais-entrevista-especial-com-brian-green

Jornalista e mestre em Ciências da Comunicação (ECA-USP)