A convite da Aliança Global para Parcerias em Alfabetização Midiática e Informacional (GAPMIL, na sigla em inglês), ligada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a ABPEducom e o Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo (NCE/USP) participam da atualização de padrões do currículo internacional proposto pela agência para o tópico de educação de mídia e informação.

A contribuição brasileira enfatizando a Educomunicação foi reunida em um texto de 11 páginas que inclui referências de artigos produzidos por autores brasileiros e ibero-americanos sobre o conceito. Para Ismar Soares, presidente da ABPEducom, a possibilidade oferecida à Associação e ao NCE/USP permitiu que a prática da Educomunicação pudesse ser considerada num momento histórico em que a própria Unesco decidiu repensar seus procedimentos em torno ao problema da educação midiática e informacional. 

Segundo Alexandre Sayad, conselheiro da ABPEducom e co-diretor global da GAPMIL, o documento seguiu para a reunião da equipe latino-americana que concentra o trabalho de sistematização da contribuição latino-americana ao tema em questão, em São José, Costa Rica. Adiantou, ainda, que o texto das duas entidades brasileiras seguiu, na sequência, diretamente para Paris, para ser apreciado pela Unesco em nível mundial.

Conexão com os ideais da ONU

O Artigo XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos, firmado pela ONU, em 1948, estabelece que: “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de opinar livremente e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras”. Com a popularização da rede de internet, na década de 1990, a troca de informações passou a ocorrer de forma rápida e dinâmica. No entanto, apesar do crescimento dos dispositivos midiáticos, o acesso à informação diversa e plural ainda é desigual, especialmente em países subdesenvolvidos.

Os sistemas de mídia e informação passaram a exercer um papel essencial na promoção dos direitos humanos, da democracia e do desenvolvimento equitativo. Partindo desse fenômeno, existe o desafio da Unesco e parceiros em desenvolver o raciocínio crítico e responsável dos usuários midiáticos por meio da Alfabetização Midiática e Informacional (AMI). Neste sentido, o texto da ABPEducom e do NCE/USP defende que a Educomunicação representa uma forma possível, viável e eficaz de atingir os objetivos da Unesco para a AMI no mundo, sob o viés de uma perspectiva cidadã.

Imagem: reprodução da capa da atual versão do currículo para formação de professores em AMI da Unesco (2013)

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