Entre 9 e 11 de abril de 2019, tem início no Hotel São Rafael, no centro de São Paulo (SP), o programa de formação Educom.Saúde-SP, promovido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) e implementado com a colaboração da ABPEducom e do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo (NCE/USP). A iniciativa destina-se, em um primeiro momento, a um grupo de servidores e colaboradores da região metropolitana de São Paulo, do Vale do Paraíba e da região litorânea do estado, envolvidos com o controle da dengue nos seus respectivos municípios.

A proposta inclui outros dois cursos presenciais, em Campinas e Bauru, respectivamente nos meses de maio e junho. A meta é atender, ao fim do processo, um total estimado entre 250 e 300 agentes de saúde. A ação será complementada com um programa a distância, com duração de três meses, reforçando a aprendizagem educomunicativa dos mesmos servidores, entre agosto e novembro deste ano.

Segundo o professor Ismar Soares — presidente da ABPEducom e coordenador do programa junto a Irma Neves, assessora técnica da Superintendência de Controle de Endemias, ligada à SES –, o objetivo é sensibilizar os funcionários para que sejam capazes de dar início a um processo de mobilização dos segmentos ativos da população, das cidades com mais de 100 mil habitantes, no combate ao vetor que difunde a dengue e doenças congêneres (conhecidas como arboviroses), mediante o emprego dos referenciais da Educomunicação e suas metodologias de trabalho.

A expansão da dengue no estado

Desde 1985, observa-se um aumento gradativo do território ocupado pelo mosquito transmissor das arboviroses, Aedes aegypti, nos municípios paulistas. Segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica Professor Alexandre Vranjac (CVE), publicados no Boletim Epidemiológico Paulista, o ano de 2015 foi o de maior incidência, quando foram observados 598.154 casos, concentrados nas cidades do centro e do noroeste do estado.

Um ano depois, em 2016, os casos continuaram elevados, com o aumento da circulação viral em todos os municípios paulistas, exigindo procedimentos mais efetivos que as tradicionais ações de controle, como as campanhas midiáticas e ações de mobilização social. Ainda não foi contabilizado o total de ocorrências no verão de 2018/2019. No entanto, o número deve bater um recorde histórico e não se espera uma diminuição no período seguinte.

Irma Neves, da SES, e Ismar Soares, da ABPEducom, coordenam o projeto Educom.Saúde-SP

Por que a Educomunicação?

Soares destaca que o paradigma educomunicativo pode estimular, junto à sociedade, a incorporação do autocuidado no ambiente doméstico, para que se garanta uma eficiente prevenção de doenças a partir da promoção da saúde individual e coletiva. Isso se dá mediante diálogos com saberes culturais, sociais e populares, algo previsto pela lei 13.595/2018, que reformulou a carreira de agente comunitário de saúde e estabeleceu, como referencial, a Educação Popular em Saúde.

A busca por um programa de Educomunicação decorreu da recomendação de uma oficina com o intuito de revisar bases técnico-científicas para elaboração do Programa de Prevenção e Controle das Arboviroses no Estado de São Paulo, promovida pela SES em parceria com o Conselho dos Secretários Municipais da Saúde (COSEMS), em outubro de 2017.

Foi nesse contexto que o Educom.Saúde-SP foi pensado, como um primeiro passo no sentido de introduzir o conceito da Educomunicação junto a um grupo inicial de gestores da pasta. Informações mais detalhadas sobre os desdobramentos do curso de formação serão divulgadas em breve, aqui no site da ABPEducom.

Parceria do CRECI-SP

O Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (CRECI-SP) já é um dos parceiros da secretaria e compõe o Comitê Estadual de Mobilização contra o Aedes, criado em 2002. Para Ismar Soares, o CRECI vem garantindo importante contribuição, ao longo dos últimos anos, no controle do vetor, levando em conta que os corretores têm, em suas mãos, as chaves dos imóveis fechados tanto para venda quanto para locação, exercendo permanente vigilância para eliminar, nesses espaços, as condições favoráveis à proliferação do mosquito. O professor destaca ainda que o conselho tem se apresentado como um dos segmentos sociais que melhor compreendeu a importância das ações intersetoriais no campo.

José Augusto Neto (1º à esq., presidente do CRECI-SP) e Gilberto Yogui (3º, vice-presidente do CRECI-SP) receberam Irma Neves e Ismar Soares

Em 2019, o CRECI-SP decidiu associar-se ao esforço educomunicativo da SES, mobilizando nas ações propostas o conjunto de seus 160 mil corretores em todo o estado. Um empenho especial será solicitado ao grupo de voluntários que atuam em ações de cidadania voltadas ao interesse público. A ação foi divulgada no jornal O Estado de S. Paulo.

“Contem conosco, pois estaremos em sintonia com o projeto da Secretaria da Saúde”, garantiu o presidente do CRECI, José Augusto Viana Neto, ao receber os coordenadores do Educom.Saúde-SP, Irma Neves e Ismar Soares, depois da gravação do “CRECI Esclarece”, no dia 5 de abril. O programa, coordenado pela jornalista Sonia Servilheira, contemplou dois tópicos: a expansão da dengue em São Paulo, com Neves, e a especificidade da Educomunicação como referencial para as ações de mobilização previstas no projeto, com Soares. Assista ao vídeo:

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